domingo, 21 de junho de 2015

Reflexões 2 - Intercâmbio, Memórias e Ciclos


Minha cara de ansiedade quando sentei no avião e esperava ele decolar hahahahahah

(21/06-Avião p/ Osaka)
Surpreendentemente as mais de 12h que eu tive que esperar no aeroporto de Sydney passaram rápido, as 3h de vôo pra Cairns e mais 2h de espera no aeroporto pra trocar de avião literalmente voaram. E eu tive uma supresa tão gostosa no aeroporto de Sydney, uma hora antes do vôo encontrei o Samuel, a Laura e o Thales- outros BR’s que vieram pelo CsF e que estudam na ANU comigo. Eu sabia que eles iriam pra Cairns mas não fazia idéia que pegariam o mesmo vôo que eu. Fique tão feliz, tirei fotos, falamos muitas abobrinhas e demos muitas risadas. O Samuel e a Laurinha também puderam assinar meu caderninho de despedidas, o que me deixa muito feliz. Nesse caderninho eu pedi pros meus amigos mais chegados deixarem um recadinho pra mim, o qual eu leria no vôo para o Japão ou no de volta para o Brasil. Porém, eu ainda não tive coragem de ler. Acho que é porque eu sei que lendo as mensagens, eu finalmente vou perceber que ACABOU. Acabou minha vida de sonhos na terra dos cangurus, e enquanto eu escrevo essas frases eu sinto um frio percorrendo a minha espinha, e vontade de chorar. Esse último um ano e meio foi tão especial pra mim, foi definitivamente a melhor época da minha vida! Eu aprendi tantas coisas, conheci tantas pessoas diferentes, idéias, e modos de ver o mundo.
E eu viajei ao som de
Helloween - If I could Fly
e Heaven- Ailee
Então agora, no avião indo para Osaka, eu fechei  os meus olhos e a figura do Andrew me pulou à mente. As vezes que ele vinha com o seu sorriso característico, abrindo os braços pra me abraçar, falando “minha putinha” hahahahahah. Sim, esse é aqueles apelidos carinhosos de quando você é amigo até demais de alguém. Mas de repente a imagem dele foi sumindo, desaparecendo... E se extinguiu antes de chegar até mim! Meu coração apertou. E os próximos momentos foram horríveis, porque eu lembrei das vezes que eu ajudei o Hayden cozinhar lasagna enquanto ele conversava comigo naquele sotaque engraçado que ele imitava, ou das vezes que o Simon expremia umas folhas de eucaliptos e lavanda pra sentir o cheirinho gostoso que ficava.Eu lembrei da sensação de abraçar a Mayu, tão pequenininha e frágil! Mas ao mesmo tempo tão fofa e amigável. Ou a vez que conversei com o Nassim na rede em frente ao bloco D. Lembrei do jeitinho que a Marta se aproximava de mim na cozinhar pra vir falar comigo, ou do jeitinho fofo e engraçado que a Saya dançava e de quando ela cozinhava aquelas comidas japonesas maravilhosas. Lembrei do quanto eu admirava a beleza e personalidade da Cornélia e do quanto o abraço dela era verdadeiro; lembrei do jeito carinhoso que a Alex me olhava quando eu contava pra ela algo bobo que eu fiz, como se os olhos dela me abraçassem e dissesem “está tudo bem, vai ficar tudo bem”. Lembrei das inúmeras conversas nonsenses e besteirois que eu tive com o Samuel, e de todas as risadas e piadinhas do Cadu. Lembrei do Danilo falando “Ta tudo maaaara” e vindo me abraçar, e da Robertinha falando “oi Eveeeeeeee” daquele jeitinho só dela! Lembrei da primeira vez que conversei com o John na cozinha, os dois meio bêbados, e como acabamos fritando bacon pra fazer torradinhas as 4am. Ou da vez em que eu corri pra encontrar a Flavinha que tinha acabado de saber que a avó dela estava ruim na UTI, e a gente deu o abraço mais longo, apertado e verdadeiro que eu já senti. E nós duas acabamos chorando juntas, porque entendíamos a dor uma da outra. Lembrei também de todas as vezes que eu via um dos Stefanos na cozinha e eu falava “STÉfano!” com o maior sotaque italiano possível, e a gente ria depois.  Lembrei dos abraços apertados da Clarissa e das vezes que eu conversei com a Rennee sobre os caras mais atraentes do BnG hahaha. Lembrei da vez que fui conversar com o Flint na biblioteca pra resolver nosso mal entendido, a gente conversou um monte e felizmente se entendeu; ou nas vezes que eu estava chorando e o Jason me viu, ele ficou super preocupado e sempre queria me  ajudar. Lembrei das aulas de dança com o Anders e da vez que ele descoloriu o meu cabelo, e de quando eu pintei o cabelo do Keith de azul e do fato que eu sempre encontrava ele fumando na frente do Bloco C. Ou das salsas nights com o Gordon, e da vez que ele trouxe um cheesecake the chocolate com morango pro meu potluck que foi um sucesso, e também me deu uma mini gang gang de pelúcia. Aquilo foi muito especial. Lembrei das vezes que sai com a Davina, e o quanto ela gostava de mim! Tão fofa. Lembrei também da Dalia e da Amy, e o quanto a gente era inseparável no meu segundo semestre, enquanto elas estavam aqui. Era tão gostoso saber que eu poderia bater na porta da Dalia a qualquer momento pra pedir ajuda ou conversar, eu nunca tive uma amiga tão próxima assim na minha vida. E lembrei do quão bem a Amy dançava, e o quanto eu queria ser igual a ela algum dia. Eu lembrei dos inúmeros jogos coreanos que a gente brincou na cozinha, não precisávamos nem de bebida pra deixar os jogos legais, apenas bom humor e uma mente aberta pra fazer brincadeiras bobinhas.Lembrei do meu primeiro semestre, o quanto a Isa me ajudou lá no Bruce, e todas as vezes que eu fui tomar cereal a tarde com o Igor ou quando o Breno me deixou cuidando da Sr. Batata, uma batata doce que ele ‘criava’. O Breno dizia que eu sempre tinha uma história boa pra contar haha. Lembrei da vez que descobri o significado de NIPPLE com a Dahye por causa do balão gigante em formato de vaca, e das vezes que que eu fui assistir filme com o pessoal do Bruce no quarto do Vishnu. Lembrei do quanto eu me divertia com os drinking games com o Lance, e as vezes que encontrei o Niko na rua e ele parou pra conversar comigo. O fato de apesar de eu mudar de hall a gente não perder o contato me deixava muito feliz! Lembrei também do meu curso de inglês no primeiro semestre e dos barbecues com os chineses da minha classe. Foi uma experiência cultural bem bacana. E de tooooooooodos os potlucks que tiveram no BnG, onde cada um trazia um prato de comida e depois todo mundo experimentava um pouquinho, era tão legal! A Luliko, a Mayu e a Saya sempre cozinhavam as coisas mais gostosas! Lembrei também do Ugo e do carinho que ele tinha por mim e do Leo com sua Grumpy face, mas que na verdade tinha um coração muito bom. E do jeitinho que a Randa falava e ria, e da vez que ela contou do sistema político do país dela, Marrocos. E do quanto ela adorava o rei! Lembrei da Karina, sempre sorrindo, e de apesar de não ter ido com a cara da Giada no começo, descobri que ela era uma pessoa muito boa com o tempo e passei a gostar muito dela. Lembrei também que eu fui com a Karina, a Randa, a Elma e a Giada na Cupping Room, e como foi gostoso juntar Rússia, Marrocos, Holanda, Italia e Brasil. Lembrei das vezes que conversei com o Kieran e o quão divertido ele era, e das vezes que andei pela Uni Avenue conversando com a Sarah Macguire. E do fato da outra Sarah ter provado pra mim que pessoas bem altas também podem ser super fofas, tipo ela. Lembrei de quando fui pro Mount Ainsle e pro War Memorial com a Imogen, a Niamhv, o Dan  e o Brad. Ou quando o Layan voltou pro BnG pra me ver uma última vez e a gente jogou sinuca e eu ajudei ele a tirar um anel entalado no dedão dele hahahah. E das vezes que o Willy me dava o balde de sementes pra alimentar as cacatuas, e quando ele começou a deixar o balde pra fora pra eu poder alimentar elas nos finais de semana. Também lembrei da história da cacatua do bico grande e do Bruce ter me pedido desculpas por isso depois. E quando o Koh foi alimentar as aves comigo. Ou como eu conheci o Gustavo, e como nosso primeiro encontro foi uma loucura. E depois quando eu ia assistir filme com o Ando, e a gente se entendia nas nossas desilusões amorosas similares.Lembrei do Satoshi, o japonês mais brasileiro que conheci! Todo mundo adorava ele, ele era tão carismático e esforçado! Aprendeu bastante português no semestre que ele passou com a gente. “Segura o presunto pra mim?” era a frase preferida dele hahahahha. Lembrei também das vezes que fui cozinhar na casa da Alicia, uma menina que conheci na aula de Australian Vertebrates. E de como o Yoshiki estava sempre animado todas as vezes que eu o encontrava. Lembrei também do pessoal de Field Studies in Behavioural Ecology, e quando a gente foi pra fieldtrip em Koiola. A Pat e o Michael tratou a gente tão bem! Eu cozinhei lula com a Lucy e não deu muito certo. Aliás a Lucy parecia tão patricinha no começo mas depois eu percebi que ela era um amorzinho. E de quando o Mark falava com aquele sotaque australiano carregadíssimo e eu não entendia nada. E um por um, todas essas memórias de repente pareceram se fazer tão distante, como se desfazessem na minha frente....
A Terra do Sol Nascente! (Horizonte torto horrores)
Meu estômago embrulhou, senti vontade de chorar, e decidi então escrever tudo isso. Eu não quero perder essas memórias- elas são tão preciosas! Eu queria não ter elas só como memórias, e sim como presente, mas a vida é assim, né? Pessoas vão, vem, e o que ficam são as memórias boas e o carinho que você sente por elas. Eu realmente espero poder encontrar todas essas pessoas de novo, mas sei que é impossível porque eles estao espalhados sobre o globo e eu não sou rica. Talvez no futuro eu consiga reencontrar alguns deles, e se isso acontecer eu vou ficar tão feliz!
Dói meu coração de saber que esse um ano e meio foi tão bom, tão gostoso, com pessoas tão especiais, mas que ele chegou ao fim! Mas infelizmente a vida é assim, e como eu escrevi no texto de ontem, como aquele senhor de rua veio me lembrar “We march to die”. Então tenho que me concentrar no meu presente, não posso ficar presa ao passado. As memórias são muito importantes, sim, e eu não quero perdê-las, por isso escrevo, mas se eu olhar para o futuro, tem TANTA coisa boa me esperando também! Que é até pecado eu falar que queria continuar nessa fase que tá acabando. A vida é assim: fases boas acabam, para dar lugar à novas fases tão boas quanto, ou até melhores! Se um ciclo não se completar, não tem como o outro começar. Eu finalmente estou realizando um grande sonho que tenho desde criança: o sonho de ir para o Japão! Não posso ficar triste pela fase maravilhosa que acabou, tenho que ficar feliz por essa nova fase maravilhosa que está começando! Afinal, a vida precisa desse fluxo, dessas mudanças, dessa renovação.
E depois do Japão, tenho uma fase ainda mais especial pra começar: a qual eu volto às minhas raízes, à minha querida família! Eu estou tão ansiosa pra isso, porque sei que TANTA coisa mudou, nada mais é o mesmo. Minha tia se casou, minha priminha não é mais “inha”, minha avó infelizmente partiu enquanto eu estava na terra dos cangurus, e sei que isso vai me doer tanto quanto eu voltar, mas também sei que ela está olhando por nós feliz do outro lado. E que tudo acontece na hora certa, e que vou reencontrá-la no futuro! Meu primo que mora em Búzios está vindo pra Sorocaba pra visitar a família depois que eu voltar, e vai ser tão gostoso revê-lo depois de anos! Ele agora já é um homem feito, tem um emprego bom, está fazendo faculdade, e o que me dá mais orgulho é que ele batalhou e conquistou tudo isso sozinho! Vai ser muito bom conversar com ele depois de tantas experiências, de ambas as partes. Quando eu voltar a minha mãe provavelmente já vai ter vendido nossa casa e vai estar de mudança, e eu vou poder ajudar ela. Mas a parte que eu mal posso esperar é a do passeio no parque! Eu sempre SEMPRE tive essa vontade de ir pro parque com a minha família, ter mais esse contato com a natureza todo mundo junto, mas minha família sempre não foi de fazer isso. Algumas vezes sugeri de fazermos um piquenique em algum parque da cidade, mas não fui levada a sério, e isso doeu tanto. Aí desisti. Mas quão grande foi a minha surpresa quando um dia, eu aqui na terra dos cangurus, recebo uma mensagem de voz da minha mãe! Ela dizia que não sabia o que estava acontecendo com ela, que ela estava sentindo falta de um contato com a natureza, e que ela começou a pensar nisso depois que eu fui em bora. Então ela disse que poderíamos fazer um piquenique. Eu não conseguia parar de chorar de surpresa e de alegria. Então ela comentou com as minhas tias e elas combinaram de ir todo mundo junto, incluindo a tia Sandra, a Bia, a tia Zezé, tia Dudu, a Fran e os meninos (Gabriel, Gustavo, Guilherme, Giovanni). Eu mal posso esperar por isso, vai ser demais! E nesse um ano morando em hall self-catered me fez aprender a cozinhar algumas coisas, então vou fazer o meu ‘famoso’ pavê de moranguinho e levar pro piquenique.
Bom, mas voltando ao assunto das memórias, passado, futuro, presente, era isso o que eu estou sentindo mesmo. Essa minha experiência de intercâmbio na Austrália foi linda, conheci pessoas maravilhosas, aprendi tanto, e dói um monte saber que acabou. Mas ao mesmo tempo tenho que lembrar que outras fases lindas estão por vir, como a do Japão e a ‘de volta pra casa’. Mas a última eu tenho que deixar pra pensar depois, agora, “We march to die”, foco no presente: Japão! Eu estou ansiosa também porque vou encontrar alguns amigos lá no Japão. O Toshi, que eu conheci na Índia e viajei com ele por uns dias, vai estar me esperando no aeroporto de Osaka. Em Tokyo, vou passar os meus dois dias na casa da Saya, e espero conseguir ver o Satoshi e o Yoshiki de novo! Espero conseguir ir um dia pra Nara pra ver os veadinhos (sim, estou falando de animais) e passar uns 3 dias em Kyoto. E vai ser tão legal a experiência de uma semana trabalhando numa fazenda de orgânicos! Vai ser decisiva pra eu ver se vida em fazenda é pra mim, ou não. Eu sempre falei pra minha mãe que um dos planos pro meu futuro é ter uma fazenda, meus animaizinhos, minha mata, e viver da terra, para a terra. Mas ela sempre me disse o quão difícil é a vida na fazenda, trabalho pesado, etc. Então, nada melhor do que experimentar né? Aprender a cuidar dos franguinhos, a capinar, e tudo mais.

Por agora é só, vou ver se consigo dormir mas um pouquinho antes de chegar na tão sonhada Terra do Sol Nascente!

Finalmente Japão! Primeiras visões do país dos meus sonhos de criança!

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