quinta-feira, 9 de julho de 2015

Uma breve introdução -ou conclusão?- à minha viagem ao Japão

A Terra do Sol Nascente! Foto tirada quando eu estava indo para o Japão (211/06), foi muito mágico esse momento...

07/07- No avião  Tokyo - Cairns
“Eu não posso morrer antes de ir para o Japão” e “Meu maior sonho é ir para o Japão!” eram frases muito comuns na minha infância, e  uma viagem ao Japão era realmente quase muito bom para ser verdade  – aqueles sonhos de criança que você alimenta mas sabe as ínfimas probabilidades de realizá-lo.  É difícil imaginar que agora, nesse momento, estou no avião de volta para a Austrália, depois de passar 17 dias na Terra do Sol Nascente. Foi tudo tão de última hora, tão não-preparado e impulsivo, que parece até um sonho. Eu recebi a última bolsa do Ciência Sem Fronteiras e queria viajar com aquele dinheiro. Minha idéia era fazer um mochilão por vários países da Ásia, como Thailandia, Laos, Vietnam, etc, como  maioria dos brasileiros fazem. Mas então, aquele sonho da época de criança falou mais alto dentro de mim: “Evelyn, você está na Austrália! Tão pertinho do Japão, tão pertinho de conquistar mais um sonho, só basta você querer... E você não sabe quando terá uma próxima chance.”. E pra falar a verdade essa última frase me dá um arrepio na espinha “Você não sabe quando terá uma próxima chance”. É verdade, e não é apenas por condições financeiras (eu sei que vou ter que trabalhar muito pra conseguir fazer alguma outra viagem como essa), mas também pela incerteza do futuro. Lembra do meu encontro com a morte? “We march to die”. Temos que pensar na morte pelo menos duas vezes ao dia. E se eu morrer a semana que vem? Será que eu serei assombrada pelo fantasma do arrependimento de não ter conquistado meus sonhos? Então com esse pensamento comprei as passagens pro Japão.
Pela minha prévia experiência com viagens, uma coisa muito importante eu aprendi: Viajar sem um propósito é cilada. O fato de você viajar com um propósito nobre é muito mais satisfatório – para o seu ego, o seu currículo, para o mundo, seus aprendizados e etc. A viagem para a Índia e para o Sri Lanka me ensinaram isso! Então procurei oportunidades de trabalho voluntário no Japão, o ideal seria na minha área, Biologia. Encontrei o sistema do Help Exchange, onde você se cadastra no website, paga uma taxa e pode entrar em contato com famílias do mundo inteiro para geralmente fazer uma troca de trabalho por acomodação e/ou alimentação. Geralmente em fazendas. Mandei mensagens pra muita gente no Japão, mas infelizmente todas as respostas eram negativas. Ou todas as vagas de  voluntários já estavam cheias, ou eles não precisavam de ajuda naquela época. Eis que então um deles me deu uma resposta positiva, e por ironia do destino, ele já tinha morado no Brazil e falava português! Shinji era o nome dele, e ele tinha uma fazenda de orgânicos próximo de Kyoto, uma das principais cidades turísticas do Japão. Oportunidade perfeita de viajar, trabalhar, aprender sobre orgânicos e principalmente aprender como funciona uma fazenda. Sabe, eu tenho vários planos pro meu futuro (A, B, C, e por aí vai, se um não der certo, tentarei o outro). E um deles é ter uma fazenda ecologicamente correta, plantar minha comidinha, ter meus animaizinhos e minha mata. Então essa oportunidade de viajar o Japão seria ainda mais importante, pois eu finalmente experienciaria o que é “viver na roça”, o “trabalho sujo e pesado de fazenda”, como minha mãe me falava quando eu dizia dos meus planos de ter uma fazenda.
Na verdade a época pré viagem, mais especificamente os procedimentos do visto, foram muuuuito estressantes. A embaixada do Japão é MUITO rígida com brasileiros na Austrália, eles sempre achavam algum problema, algum dado faltando, pediam algum documento a mais, e o pior é que o senhor que lidava com o visto na embaixada era muito de mal com a vida. Ele não sorria nunca, era tão rude que a primeira vez que eu fui pra embaixada saí de lá chorando, e na segunda, segurando as lágrimas. Graças a Deus, na quinta vez que fui pra embaixada sai de lá chorando, mas dessa vez de felicidade, por ter conseguido aplicar o visto! Mas antes disso eu tinha quase desistido da minha viagem pois parecia que tudo estava acontecendo para eu não ir para o Japão. Eu comecei a ficar com medo e pensar que era pra eu não ir. Até tentei cancelar minhas passagens, mas como comprei com as tarifas mais baratas e em promoção, eu não podia nem cancelá-las. Então um amigo meu me disse “É o destino vendo se você está realmente disposta a realizar o seu sonho, está sendo difícil pra valer mais a pena no final.” E isso me fez pensar. Um dia minha mãe me disse algo como “Uma vitória sem luta é desmerecida” e isso é uma daquelas coisas importantes que eu vou lembrar pro resto da minha vida.
Essa época em que eu estava tentando aplicar para o visto do Japão e tive vários coincidentemente foi a mesma época que eu conheci uma pessoa super especial, o John. O problema é que eu estava meio bobinha apaixonada, e ele até chegou a falar que não gostaria que eu fosse pro Japão, aí teríamos mais tempo juntos. E uma hora eu concordei. Meu Deus! Eu, que sempre critique minhas amigas quando elas colocavam o namorado como prioridade em relação à amizades/viagens/ou qualquer outra coisa na vida… Eu quase desisti do meu sonho por causa de uns obstáculos bobinhos no caminho e por causa de um relacionamento de pouco mais de um mês! Que vergonha... Felizmente voltei os meus pés no chão e retomei minha sanidade a tempo. O Japão, um dos maiores sonhos da minha vida, é muito mais importante do que todos essas provas e mais importante do que um relacionamento que vai acabar de qualquer jeito quando eu voltar pro Brasil. Aonde eu estava com a cabeça quando pensei em desistir? O amor é traiçoeiro, realmente te deixa cego. E dificuldades no caminho também influenciam bastante para a gente desanimar e esquecer nossos objetivos e prioridades. Tenho que ficar mais atenta às próximas vezes e saber dar prioridade às coisas certas J.
Então minha viagem ao Japão foi planejada assim: chegaria dia 21/06 em Osaka, e teria até o dia 26 para explorar Osaka e Kyoto – e talvez Nara. Do dia 27/06 ao dia 05/07 eu ficaria na fazenda em Tanba, e depois seguiria pra Tokyo onde eu pegaria o avião de volta pra Austrália dia 07 a noite. Em Osaka eu provavelmete encontraria o Toshi, um amigo japones que conheci na Índia, e em Tokyo eu ficaria na casa da minha amiga Sayaka, uma das minhas melhores amigas da ANU. Eu também gostaria de reecontrar em Tokyo meus outros amigos japoneses que fiz na ANU, se o tempo permitisse. E esse foi TODO o me planejamento. Sim, literalmente. Eu tinha reservado um hostel pra minha primeira noite em Osaka e só. O resto era “metendo as caras”, “chutando o balde”, “vamos ver pra onde o destino vai me levar”. Vocês podem me achar louca por essa falta de planejamento e pesquisa antes de ir pra um país totalmente novo e tão diferente, mas eu não me arrependo não. Ok, eu poderia ter pesquisado um pouco mais, e eu também concordo que eu sou meio maluquinha tendo feito isso, mas o fato é que se eu tivesse planejado, a viagem não teria sido como foi. E eu estou muito satisfeita com a minha viagem ao Japão, eu não mudaria ela por nada! Foi perfeita e até as partes “ruins” eu não mudaria se pudesse.

No próximo post vou contar como foram meus dias no Japão e fazer upload das fotos (por serem muitas, vou dividir os posts por dia).

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