Minha cara de ansiedade quando sentei no avião e esperava ele decolar hahahahahah |
(21/06-Avião
p/ Osaka)
Surpreendentemente
as mais de 12h que eu tive que esperar no aeroporto de Sydney passaram rápido,
as 3h de vôo pra Cairns e mais 2h de espera no aeroporto pra trocar de avião
literalmente voaram. E eu tive uma supresa tão gostosa no aeroporto de Sydney,
uma hora antes do vôo encontrei o Samuel, a Laura e o Thales- outros BR’s que
vieram pelo CsF e que estudam na ANU comigo. Eu sabia que eles iriam pra Cairns
mas não fazia idéia que pegariam o mesmo vôo que eu. Fique tão feliz, tirei
fotos, falamos muitas abobrinhas e demos muitas risadas. O Samuel e a Laurinha
também puderam assinar meu caderninho de despedidas, o que me deixa muito
feliz. Nesse caderninho eu pedi pros meus amigos mais chegados deixarem um
recadinho pra mim, o qual eu leria no vôo para o Japão ou no de volta para o
Brasil. Porém, eu ainda não tive coragem de ler. Acho que é porque eu sei que
lendo as mensagens, eu finalmente vou perceber que ACABOU. Acabou minha vida de
sonhos na terra dos cangurus, e enquanto eu escrevo essas frases eu sinto um
frio percorrendo a minha espinha, e vontade de chorar. Esse último um ano e
meio foi tão especial pra mim, foi definitivamente a melhor época da minha
vida! Eu aprendi tantas coisas, conheci tantas pessoas diferentes, idéias, e
modos de ver o mundo.
E eu viajei ao som de Helloween - If I could Fly e Heaven- Ailee |
Então
agora, no avião indo para Osaka, eu fechei os meus olhos e a figura do Andrew me pulou à
mente. As vezes que ele vinha com o seu sorriso característico, abrindo os
braços pra me abraçar, falando “minha putinha” hahahahahah. Sim, esse é aqueles
apelidos carinhosos de quando você é amigo até demais de alguém. Mas de repente
a imagem dele foi sumindo, desaparecendo... E se extinguiu antes de chegar até
mim! Meu coração apertou. E os próximos momentos foram horríveis, porque eu
lembrei das vezes que eu ajudei o Hayden cozinhar lasagna enquanto ele
conversava comigo naquele sotaque engraçado que ele imitava, ou das vezes que o
Simon expremia umas folhas de eucaliptos e lavanda pra sentir o cheirinho
gostoso que ficava.Eu lembrei da sensação de abraçar a Mayu, tão pequenininha e
frágil! Mas ao mesmo tempo tão fofa e amigável. Ou a vez que conversei com o
Nassim na rede em frente ao bloco D. Lembrei do jeitinho que a Marta se
aproximava de mim na cozinhar pra vir falar comigo, ou do jeitinho fofo e
engraçado que a Saya dançava e de quando ela cozinhava aquelas comidas
japonesas maravilhosas. Lembrei do quanto eu admirava a beleza e personalidade da
Cornélia e do quanto o abraço dela era verdadeiro; lembrei do jeito carinhoso
que a Alex me olhava quando eu contava pra ela algo bobo que eu fiz, como se os
olhos dela me abraçassem e dissesem “está tudo bem, vai ficar tudo bem”.
Lembrei das inúmeras conversas nonsenses e besteirois que eu tive com o Samuel,
e de todas as risadas e piadinhas do Cadu. Lembrei do Danilo falando “Ta tudo
maaaara” e vindo me abraçar, e da Robertinha falando “oi Eveeeeeeee” daquele
jeitinho só dela! Lembrei da primeira vez que conversei com o John na cozinha,
os dois meio bêbados, e como acabamos fritando bacon pra fazer torradinhas as
4am. Ou da vez em que eu corri pra encontrar a Flavinha que tinha acabado de
saber que a avó dela estava ruim na UTI, e a gente deu o abraço mais longo,
apertado e verdadeiro que eu já senti. E nós duas acabamos chorando juntas,
porque entendíamos a dor uma da outra. Lembrei também de todas as vezes que eu
via um dos Stefanos na cozinha e eu falava “STÉfano!” com o maior sotaque
italiano possível, e a gente ria depois. Lembrei dos abraços apertados da Clarissa e
das vezes que eu conversei com a Rennee sobre os caras mais atraentes do BnG
hahaha. Lembrei da vez que fui conversar com o Flint na biblioteca pra resolver
nosso mal entendido, a gente conversou um monte e felizmente se entendeu; ou nas
vezes que eu estava chorando e o Jason me viu, ele ficou super preocupado e
sempre queria me ajudar. Lembrei das
aulas de dança com o Anders e da vez que ele descoloriu o meu cabelo, e de
quando eu pintei o cabelo do Keith de azul e do fato que eu sempre encontrava
ele fumando na frente do Bloco C. Ou das salsas nights com o Gordon, e da vez
que ele trouxe um cheesecake the chocolate com morango pro meu potluck que foi
um sucesso, e também me deu uma mini gang gang de pelúcia. Aquilo foi muito
especial. Lembrei das vezes que sai com a Davina, e o quanto ela gostava de
mim! Tão fofa. Lembrei também da Dalia e da Amy, e o quanto a gente era
inseparável no meu segundo semestre, enquanto elas estavam aqui. Era tão
gostoso saber que eu poderia bater na porta da Dalia a qualquer momento pra
pedir ajuda ou conversar, eu nunca tive uma amiga tão próxima assim na minha
vida. E lembrei do quão bem a Amy dançava, e o quanto eu queria ser igual a ela
algum dia. Eu lembrei dos inúmeros jogos coreanos que a gente brincou na
cozinha, não precisávamos nem de bebida pra deixar os jogos legais, apenas bom
humor e uma mente aberta pra fazer brincadeiras bobinhas.Lembrei do meu
primeiro semestre, o quanto a Isa me ajudou lá no Bruce, e todas as vezes que
eu fui tomar cereal a tarde com o Igor ou quando o Breno me deixou cuidando da
Sr. Batata, uma batata doce que ele ‘criava’. O Breno dizia que eu sempre tinha
uma história boa pra contar haha. Lembrei da vez que descobri o significado de
NIPPLE com a Dahye por causa do balão gigante em formato de vaca, e das vezes
que que eu fui assistir filme com o pessoal do Bruce no quarto do Vishnu.
Lembrei do quanto eu me divertia com os drinking games com o Lance, e as vezes
que encontrei o Niko na rua e ele parou pra conversar comigo. O fato de apesar
de eu mudar de hall a gente não perder o contato me deixava muito feliz!
Lembrei também do meu curso de inglês no primeiro semestre e dos barbecues com
os chineses da minha classe. Foi uma experiência cultural bem bacana. E de
tooooooooodos os potlucks que tiveram no BnG, onde cada um trazia um prato de
comida e depois todo mundo experimentava um pouquinho, era tão legal! A Luliko,
a Mayu e a Saya sempre cozinhavam as coisas mais gostosas! Lembrei também do
Ugo e do carinho que ele tinha por mim e do Leo com sua Grumpy face, mas que na
verdade tinha um coração muito bom. E do jeitinho que a Randa falava e ria, e
da vez que ela contou do sistema político do país dela, Marrocos. E do quanto
ela adorava o rei! Lembrei da Karina, sempre sorrindo, e de apesar de não ter
ido com a cara da Giada no começo, descobri que ela era uma pessoa muito boa
com o tempo e passei a gostar muito dela. Lembrei também que eu fui com a
Karina, a Randa, a Elma e a Giada na Cupping Room, e como foi gostoso juntar
Rússia, Marrocos, Holanda, Italia e Brasil. Lembrei das vezes que conversei com
o Kieran e o quão divertido ele era, e das vezes que andei pela Uni Avenue
conversando com a Sarah Macguire. E do fato da outra Sarah ter provado pra mim
que pessoas bem altas também podem ser super fofas, tipo ela. Lembrei de quando
fui pro Mount Ainsle e pro War Memorial com a Imogen, a Niamhv, o Dan e o Brad. Ou quando o Layan voltou pro BnG
pra me ver uma última vez e a gente jogou sinuca e eu ajudei ele a tirar um
anel entalado no dedão dele hahahah. E das vezes que o Willy me dava o balde de
sementes pra alimentar as cacatuas, e quando ele começou a deixar o balde pra
fora pra eu poder alimentar elas nos finais de semana. Também lembrei da
história da cacatua do bico grande e do Bruce ter me pedido desculpas por isso
depois. E quando o Koh foi alimentar as aves comigo. Ou como eu conheci o
Gustavo, e como nosso primeiro encontro foi uma loucura. E depois quando eu ia
assistir filme com o Ando, e a gente se entendia nas nossas desilusões amorosas
similares.Lembrei do Satoshi, o japonês mais brasileiro que conheci! Todo mundo
adorava ele, ele era tão carismático e esforçado! Aprendeu bastante português
no semestre que ele passou com a gente. “Segura o presunto pra mim?” era a
frase preferida dele hahahahha. Lembrei também das vezes que fui cozinhar na
casa da Alicia, uma
menina que conheci na aula de Australian Vertebrates. E de como o Yoshiki
estava sempre animado todas as vezes que eu o encontrava. Lembrei também do
pessoal de Field Studies in Behavioural Ecology, e quando a gente foi pra
fieldtrip em Koiola. A Pat e o Michael tratou a gente tão bem! Eu cozinhei lula
com a Lucy e não deu muito certo. Aliás a Lucy parecia tão patricinha no começo
mas depois eu percebi que ela era um amorzinho. E de quando o Mark falava com
aquele sotaque australiano carregadíssimo e eu não entendia nada. E um por um,
todas essas memórias de repente pareceram se fazer tão distante, como se
desfazessem na minha frente....
A Terra do Sol Nascente! (Horizonte torto horrores) |
Meu
estômago embrulhou, senti vontade de chorar, e decidi então escrever tudo isso.
Eu não quero perder essas memórias- elas são tão preciosas! Eu queria não ter
elas só como memórias, e sim como presente, mas a vida é assim, né? Pessoas
vão, vem, e o que ficam são as memórias boas e o carinho que você sente por
elas. Eu realmente espero poder encontrar todas essas pessoas de novo, mas sei
que é impossível porque eles estao espalhados sobre o globo e eu não sou rica.
Talvez no futuro eu consiga reencontrar alguns deles, e se isso acontecer eu
vou ficar tão feliz!
Dói meu
coração de saber que esse um ano e meio foi tão bom, tão gostoso, com pessoas
tão especiais, mas que ele chegou ao fim! Mas infelizmente a vida é assim, e
como eu escrevi no texto de ontem, como aquele senhor de rua veio me lembrar “We
march to die”. Então tenho que me concentrar no meu presente, não posso ficar
presa ao passado. As memórias são muito importantes, sim, e eu não quero
perdê-las, por isso escrevo, mas se eu olhar para o futuro, tem TANTA coisa boa
me esperando também! Que é até pecado eu falar que queria continuar nessa fase
que tá acabando. A vida é assim: fases boas acabam, para dar lugar à novas
fases tão boas quanto, ou até melhores! Se um ciclo não se completar, não tem
como o outro começar. Eu finalmente estou realizando um grande sonho que tenho
desde criança: o sonho de ir para o Japão! Não posso ficar triste pela fase
maravilhosa que acabou, tenho que ficar feliz por essa nova fase maravilhosa
que está começando! Afinal, a vida precisa desse fluxo, dessas mudanças, dessa
renovação.
E depois do
Japão, tenho uma fase ainda mais especial pra começar: a qual eu volto às
minhas raízes, à minha querida família! Eu estou tão ansiosa pra isso, porque
sei que TANTA coisa mudou, nada mais é o mesmo. Minha tia se casou, minha
priminha não é mais “inha”, minha avó infelizmente partiu enquanto eu estava na
terra dos cangurus, e sei que isso vai me doer tanto quanto eu voltar, mas
também sei que ela está olhando por nós feliz do outro lado. E que tudo
acontece na hora certa, e que vou reencontrá-la no futuro! Meu primo que mora
em Búzios está vindo pra Sorocaba pra visitar a família depois que eu voltar, e
vai ser tão gostoso revê-lo depois de anos! Ele agora já é um homem feito, tem
um emprego bom, está fazendo faculdade, e o que me dá mais orgulho é que ele
batalhou e conquistou tudo isso sozinho! Vai ser muito bom conversar com ele
depois de tantas experiências, de ambas as partes. Quando eu voltar a minha mãe
provavelmente já vai ter vendido nossa casa e vai estar de mudança, e eu vou
poder ajudar ela. Mas a parte que eu mal posso esperar é a do passeio no
parque! Eu sempre SEMPRE tive essa vontade de ir pro parque com a minha
família, ter mais esse contato com a natureza todo mundo junto, mas minha
família sempre não foi de fazer isso. Algumas vezes sugeri de fazermos um
piquenique em algum parque da cidade, mas não fui levada a sério, e isso doeu
tanto. Aí desisti. Mas quão grande foi a minha surpresa quando um dia, eu aqui
na terra dos cangurus, recebo uma mensagem de voz da minha mãe! Ela dizia que
não sabia o que estava acontecendo com ela, que ela estava sentindo falta de um
contato com a natureza, e que ela começou a pensar nisso depois que eu fui em
bora. Então ela disse que poderíamos fazer um piquenique. Eu não conseguia
parar de chorar de surpresa e de alegria. Então ela comentou com as minhas tias
e elas combinaram de ir todo mundo junto, incluindo a tia Sandra, a Bia, a tia
Zezé, tia Dudu, a Fran e os meninos (Gabriel, Gustavo, Guilherme, Giovanni). Eu
mal posso esperar por isso, vai ser demais! E nesse um ano morando em hall
self-catered me fez aprender a cozinhar algumas coisas, então vou fazer o meu ‘famoso’
pavê de moranguinho e levar pro piquenique.
Bom, mas
voltando ao assunto das memórias, passado, futuro, presente, era isso o que eu
estou sentindo mesmo. Essa minha experiência de intercâmbio na Austrália foi
linda, conheci pessoas maravilhosas, aprendi tanto, e dói um monte saber que
acabou. Mas ao mesmo tempo tenho que lembrar que outras fases lindas estão por
vir, como a do Japão e a ‘de volta pra casa’. Mas a última eu tenho que deixar
pra pensar depois, agora, “We march to die”, foco no presente: Japão! Eu estou
ansiosa também porque vou encontrar alguns amigos lá no Japão. O Toshi, que eu
conheci na Índia e viajei com ele por uns dias, vai estar me esperando no
aeroporto de Osaka. Em Tokyo, vou passar os meus dois dias na casa da Saya, e
espero conseguir ver o Satoshi e o Yoshiki de novo! Espero conseguir ir um dia
pra Nara pra ver os veadinhos (sim, estou falando de animais) e passar uns 3
dias em Kyoto. E vai ser tão legal a experiência de uma semana trabalhando numa
fazenda de orgânicos! Vai ser decisiva pra eu ver se vida em fazenda é pra mim,
ou não. Eu sempre falei pra minha mãe que um dos planos pro meu futuro é ter
uma fazenda, meus animaizinhos, minha mata, e viver da terra, para a terra. Mas
ela sempre me disse o quão difícil é a vida na fazenda, trabalho pesado, etc.
Então, nada melhor do que experimentar né? Aprender a cuidar dos franguinhos, a
capinar,
e tudo mais.
Por agora é
só, vou ver se consigo dormir mas um pouquinho antes de chegar na tão sonhada Terra
do Sol Nascente!
Finalmente Japão! Primeiras visões do país dos meus sonhos de criança! |
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