A Terra do Sol Nascente! Foto tirada quando eu estava indo para o Japão (211/06), foi muito mágico esse momento... |
07/07- No
avião Tokyo - Cairns
“Eu não posso morrer antes de ir
para o Japão” e “Meu maior sonho é ir para o Japão!” eram frases muito comuns
na minha infância, e uma viagem ao Japão
era realmente quase muito bom para ser verdade – aqueles sonhos de criança que você alimenta
mas sabe as ínfimas probabilidades de realizá-lo. É difícil imaginar que agora, nesse momento,
estou no avião de volta para a Austrália, depois de passar 17 dias na Terra do
Sol Nascente. Foi tudo tão de última hora, tão não-preparado e impulsivo, que
parece até um sonho. Eu recebi a última bolsa do Ciência Sem Fronteiras e
queria viajar com aquele dinheiro. Minha idéia era fazer um mochilão por vários
países da Ásia, como Thailandia, Laos, Vietnam, etc, como maioria dos brasileiros fazem. Mas então,
aquele sonho da época de criança falou mais alto dentro de mim: “Evelyn, você
está na Austrália! Tão pertinho do Japão, tão pertinho de conquistar mais um
sonho, só basta você querer... E você não sabe quando terá uma próxima
chance.”. E pra falar a verdade essa última frase me dá um arrepio na espinha
“Você não sabe quando terá uma próxima chance”. É verdade, e não é apenas por
condições financeiras (eu sei que vou ter que trabalhar muito pra conseguir
fazer alguma outra viagem como essa), mas também pela incerteza do futuro. Lembra
do meu encontro com a morte? “We march to die”. Temos que pensar na morte pelo
menos duas vezes ao dia. E se eu morrer a semana que vem? Será que eu serei
assombrada pelo fantasma do arrependimento de não ter conquistado meus sonhos?
Então com esse pensamento comprei as passagens pro Japão.
Pela minha prévia experiência com
viagens, uma coisa muito importante eu aprendi: Viajar sem um propósito é
cilada. O fato de você viajar com um propósito nobre é muito mais satisfatório
– para o seu ego, o seu currículo, para o mundo, seus aprendizados e etc. A
viagem para a Índia e para o Sri Lanka me ensinaram isso! Então procurei
oportunidades de trabalho voluntário no Japão, o ideal seria na minha área,
Biologia. Encontrei o sistema do Help Exchange, onde você se cadastra no
website, paga uma taxa e pode entrar em contato com famílias do mundo inteiro
para geralmente fazer uma troca de trabalho por acomodação e/ou alimentação.
Geralmente em fazendas. Mandei mensagens pra muita gente no Japão, mas
infelizmente todas as respostas eram negativas. Ou todas as vagas de voluntários já estavam cheias, ou eles não
precisavam de ajuda naquela época. Eis que então um deles me deu uma resposta
positiva, e por ironia do destino, ele já tinha morado no Brazil e falava
português! Shinji era o nome dele, e ele tinha uma fazenda de orgânicos próximo
de Kyoto, uma das principais cidades turísticas do Japão. Oportunidade perfeita
de viajar, trabalhar, aprender sobre orgânicos e principalmente aprender como
funciona uma fazenda. Sabe, eu tenho vários planos pro meu futuro (A, B, C, e
por aí vai, se um não der certo, tentarei o outro). E um deles é ter uma
fazenda ecologicamente correta, plantar minha comidinha, ter meus animaizinhos
e minha mata. Então essa oportunidade de viajar o Japão seria ainda mais
importante, pois eu finalmente experienciaria o que é “viver na roça”, o
“trabalho sujo e pesado de fazenda”, como minha mãe me falava quando eu dizia
dos meus planos de ter uma fazenda.
Na verdade a época pré viagem, mais
especificamente os procedimentos do visto, foram muuuuito estressantes. A
embaixada do Japão é MUITO rígida com brasileiros na Austrália, eles sempre
achavam algum problema, algum dado faltando, pediam algum documento a mais, e o
pior é que o senhor que lidava com o visto na embaixada era muito de mal com a
vida. Ele não sorria nunca, era tão rude que a primeira vez que eu fui pra
embaixada saí de lá chorando, e na segunda, segurando as lágrimas. Graças a
Deus, na quinta vez que fui pra embaixada sai de lá chorando, mas dessa vez de
felicidade, por ter conseguido aplicar o visto! Mas antes disso eu tinha quase
desistido da minha viagem pois parecia que tudo estava acontecendo para eu não
ir para o Japão. Eu comecei a ficar com medo e pensar que era pra eu não ir.
Até tentei cancelar minhas passagens, mas como comprei com as tarifas mais
baratas e em promoção, eu não podia nem cancelá-las. Então um amigo meu me
disse “É o destino vendo se você está realmente disposta a realizar o seu sonho,
está sendo difícil pra valer mais a pena no final.” E isso me fez pensar. Um
dia minha mãe me disse algo como “Uma vitória sem luta é desmerecida” e isso é
uma daquelas coisas importantes que eu vou lembrar pro resto da minha vida.
Essa época em que eu estava tentando
aplicar para o visto do Japão e tive vários coincidentemente foi a mesma época
que eu conheci uma pessoa super especial, o John. O problema é que eu estava
meio bobinha apaixonada, e ele até chegou a falar que não gostaria que eu fosse
pro Japão, aí teríamos mais tempo juntos. E uma hora eu concordei. Meu Deus!
Eu, que sempre critique minhas amigas quando elas colocavam o namorado como
prioridade em relação à amizades/viagens/ou qualquer outra coisa na vida… Eu
quase desisti do meu sonho por causa de uns obstáculos bobinhos no caminho e
por causa de um relacionamento de pouco mais de um mês! Que vergonha...
Felizmente voltei os meus pés no chão e retomei minha sanidade a tempo. O
Japão, um dos maiores sonhos da minha vida, é muito mais importante do que
todos essas provas e mais importante do que um relacionamento que vai acabar de
qualquer jeito quando eu voltar pro Brasil. Aonde eu estava com a cabeça quando
pensei em desistir? O amor é traiçoeiro, realmente te deixa cego. E dificuldades
no caminho também influenciam bastante para a gente desanimar e esquecer nossos
objetivos e prioridades. Tenho que ficar mais atenta às próximas vezes e saber
dar prioridade às coisas certas J.
Então minha viagem ao Japão foi
planejada assim: chegaria dia 21/06 em Osaka, e teria até o dia 26 para
explorar Osaka e Kyoto – e talvez Nara. Do dia 27/06 ao dia 05/07 eu ficaria na
fazenda em Tanba, e depois seguiria pra Tokyo onde eu pegaria o avião de volta
pra Austrália dia 07 a noite. Em Osaka eu provavelmete encontraria o Toshi, um
amigo japones que conheci na Índia, e em Tokyo eu ficaria na casa da minha
amiga Sayaka, uma das minhas melhores amigas da ANU. Eu também gostaria de
reecontrar em Tokyo meus outros amigos japoneses que fiz na ANU, se o tempo
permitisse. E esse foi TODO o me planejamento. Sim, literalmente. Eu tinha reservado
um hostel pra minha primeira noite em Osaka e só. O resto era “metendo as
caras”, “chutando o balde”, “vamos ver pra onde o destino vai me levar”. Vocês
podem me achar louca por essa falta de planejamento e pesquisa antes de ir pra
um país totalmente novo e tão diferente, mas eu não me arrependo não. Ok, eu
poderia ter pesquisado um pouco mais, e eu também concordo que eu sou meio
maluquinha tendo feito isso, mas o fato é que se eu tivesse planejado, a viagem
não teria sido como foi. E eu estou muito satisfeita com a minha viagem ao
Japão, eu não mudaria ela por nada! Foi perfeita e até as partes “ruins” eu não
mudaria se pudesse.
No próximo post vou contar como
foram meus dias no Japão e fazer upload das fotos (por serem muitas, vou
dividir os posts por dia).
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